segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Seca no Lago de Furnas provoca prejuízos

Seca no Lago de Furnas provoca prejuízos

 

Nível do reservatório está abaixo da cota 762 e gera preocupação a piscicultores e ao turismo  

 

   

O Lago de Furnas atingiu nas últimas semanas o nível mais baixo dos últimos dez anos. O volume de água atingiu 755 metros acima do mar, ou seja ficou abaixo da cota 762 – nível mínimo que garante as atividades do turismo e da pisicultura.  Uma audiência pública foi agendada para debater o assunto (leia matéria nesta página).

O resultado tem sido prejuízo econômico para região. “Hoje não se fala em prejuízo somente para os piscicultores, mas para toda cadeia econômica ligada ao Lago”, diz o presidente da Colônia dos Pescadores Profissionais de Alfenas Z-4, Celso Fernandes.

Os proprietários de pousadas, resorts e bares que ficam às margens da represa já sentem no bolso o resultado da seca no Lago. João Luiz de Souza, proprietário do restaurante PJ, em Fama, diz que perdeu cerca de 70% da clientela em plena temporada.
O restaurante fica localizado às margens do Lago de Furnas e absorve “em cheio” a baixa do nível de água na represa. “O povo vem para Fama andar de lancha, de jet ski (...). Os que têm embarcação convida outras pessoas para vir também. Agora, com essa água baixa, deu uma caída boa”, reclama.
Souza diz que os prejuízos em seu restaurante só não foram maiores porque reduziu as despesas. “Em pleno verão, tive que reduzir as compras e, inclusive, funcionários”, lamenta.

Topografia

O secretário-executivo da Alago (Associação dos Municípios da Região do Lago de Furnas), Fausto Costa, diz que o prejuízo com a redução do volume de água no Lago atinge, principalmente, a região de Alfenas. Ele compara o impacto da seca na economia de cidades como São João Batista do Glória e Capitólio, onde há uma intensificação do turismo.

O motivo, segundo Costa, é a topografia. Na região de Alfenas, as cidades apresentam uma altitude mais elevada do que os municípios de outras regiões que são abrangidas pelo Lago de Furnas.
A Alago não tem um estudo do impacto na economia local, porém Costa, que também é secretário de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional de Alfenas, admite que o prejuízo é inevitável. Em Formiga, a Secretaria de Turismo do município calcula uma queda no faturamento com o turismo de R$ 3 milhões para R$ 700 mil nesta temporada.

Na piscicultura, o prejuízo também é intenso. O piscicultor José Afonso Pessoa, por exemplo, costuma produzir em Fama 60 toneladas de peixe, mas até o momento só conseguiu 11 toneladas. Das 32 gaiolas, apenas sete ainda estão na água, segundo informou ao G1 Sul de Minas.
Além da baixa produção atual, os piscicultores temem por prejuízos futuros. Celso Fernandes diz que a “desova” está exposta devido a seca e, por isso, fica desprotegida dos predadores, o que agrava a situação. “Os alevinos viraram presa fácil para os predadores”, explica.

Para piorar a situação, a vegetação, que cresceu ao redor do Lago, onde água baixou, vai ser decomposta com a cheia. Com isso, surgem bactérias que competem com os peixes pelo oxigênio, o que pode provocar mortalidade de peixes, explicou a zootecnista Laura Helena Órfão em entrevista ao G1.

Outra preocupação é com o período de recuperação, que será lenta. Uma temporada de chuva não será suficiente para recuperar o nível do Lago. O secretário-executivo da Alago acredita que somente em dois anos é que a situação deve ser normalizada. O deputado estadual Pompilio Canavez (PT) se reunirá no próximo dia 18 com o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp, para discutir a situação do reservatório. (leia matéria nesta página)

Paisagem

A situação do Lago tem provocado mudanças nas paisagens da região da represa. Pontes e estradas de terra que há anos não apareciam estão novamente à mostra. Em muitos locais, onde antes havia água, agora parece mais um deserto.

A antiga ponte, entre Campos Gerais e Alfenas, pôde ser vista nos últimos dias. Ela fica ao lado da Ponte das Amoras, construída após o início do reservatório.
Essa é a terceira ponte que aparece nos últimos dias de seca na região. No distrito de Pontalete, em Três Pontas, uma travessia que era utilizada pelos moradores para o deslocamento até Elói Mendes reapareceu.

A última vez que ela havia ficado exposta foi há 10 anos, quando o nível do lago registrou a pior baixa da história. Outra ponte que também veio à tona foi entre Boa Esperança e Campo Belo, que era utilizada pelos moradores na década de 1960. 

Fonte: Jornal Folha do Lago

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