segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Arte do equilíbrio: novo esporte Slackline atrai jovens no Sul de MG

Arte do equilíbrio: novo esporte Slackline atrai jovens no Sul de MG

 

Prática consiste em se equilibrar sobre uma fita de nylon.
Grupo já inaugurou locais para prática do slack em Varginha e Lavras.

 

Corpo firme, postura ereta e olho no fim da fita. Essa é a fórmula para dar o primeiro passo no Slackline, esporte de equilíbrio sobre uma fita em que o praticante anda, pula, dança e faz o que mais for possível entre o ar, a linha e o chão. O esporte começou a ser disseminado nas capitais do Brasil por volta de 2010, e hoje já se espalha pelo interior.

No Sul de Minas, um grupo de jovens tomou a iniciativa e resolveu montar um Slackpoint, nome dado ao local para prática do esporte iniciado no campus da Universidade Federal de Lavras (MG) e agora recém-inaugurado no campus do Centro Universitário do Sul de Minas em Varginha (MG). Equilíbrio, força, atitude e muita coragem são as palavras-chave desta aventura que tem se tornado febre entre os jovens esportistas.
 
O Slackline

O esporte nasceu nos EUA e consiste em uma fita de nylon amarrada de um ponto ao outro em que o praticante realiza movimentos de equilíbrio e manobras sobre a fita. A expressão em inglês significa “linha folgada”, característica da fita que dá flexibilidade para a realização dos movimentos.

“O slack nasceu na década de 1980, com os escaladores. Quando eles estavam nas horas vagas, porque eles iam escalar e ficavam dois, três dias fora, nesse meio tempo eles esticavam a fita de um ponto ao outro e começaram a brincar”, conta Alexandre Pimentel, mais conhecido como Xandele.


Há quatro modalidades do Slackline: Longline, em que o praticante usa uma corda de nylon bem mais longa do que a de costume, com mais de 20 metros de comprimento; Highline, em que o esportista amarra a fita a uma altura de mais de cinco metros; Waterline, quando a fita fica em cima da água (lago, mar, cachoeira) e o Trickline, modalidade mais popular no Brasil. A fita é amarrada a uma altura de cerca de 60 centímetros do chão e o praticante realiza manobras de salto sobre ela. “Geralmente se amarra a fita na altura da cintura de quem for pular”, explica Xandele, que é adepto do trickline.

No Sul de Minas

Xandele fez parte do grupo que começou a difundir o Slackline em Minas Gerais. Ele tem 33 anos e dedica apenas três deles ao esporte, mas ao observarmos suas manobras em cima da fita com menos de um palmo de largura, três anos parecem uma vida inteira de prática. Ele gira, quica na fita deitado, de costas, pula em pé e sai da fita virando uma pirueta. Ele acha difícil explicar como conseguiu fazer tanto em pouco tempo. Nas palavras de todos os praticantes, não há técnica, você vai arriscando e vendo até onde vai conseguir. 

Aliás, arriscar é palavra de ordem entre os slackers (como se chamam os praticantes). Xandele resolveu trazer a novidade para o Sul de Minas há cerca de um ano e meio atrás, e a coisa funcionou. O primeiro Slackpoint da região surgiu em Lavras, dentro do campus da Ufla. É comum os praticantes do esporte usarem os “quintais” das faculdades para a prática do slack, mas na Ufla o esporte foi oficializado. “O Diretório Central dos Estudantes (DCE) disponibilizou bolsas para alguns estudantes se tornarem monitores, para eles exporem o slack lá dentro”, conta Xandele.

Foi assim que o estudante da Ufla Bruno Lenzi aderiu à aventura e hoje acompanha Xandele na divulgação do esporte na região. Seguindo o fluxo, a massoterapeuta Margot Shukuri correu atrás de trazer a ideia para Varginha. Conseguiu o apoio do Centro Universitário do Sul de Minas (Unis/MG). No último domingo (11), eles inauguraram o segundo Slackpoint do Sul de Minas, que funciona no Campus II da faculdade e é aberto a qualquer um que resolva praticar. “O André Vilela, administrador do campus, teve essa visão inovadora e liberou aqui pra gente”, frisa ela, lembrando das dificuldades que passou até conseguir um lugar para fazer o Slackpoint.

Ao lado de Xandele e Lenzi, o grupo intitulado Slacketeiros de Varginha costuma se reunir nas tardes de sábado no local. O logotipo do grupo é o ET de Varginha, é claro, numa versão aventureira em que o pequeno ser não precisa de nave espacial para sair do chão. “Usamos o símbolo da cidade para caracterizar o grupo, que o criador do desenho liberou para a gente”, contou ela.

Benefícios e ressalvas do esporte

No geral, todos podem praticar o esporte, independente de idade, tamanho e peso. Mas há contra-indicações para quem sofre de labirintite. “Como é alto e a pessoa fica tonta com facilidade, não é muito indicado”, explica Margot, que também é professora de educação física. Para quem já sofreu alguma lesão nos joelhos, ou em partes do corpo mais usadas no esporte, a prática também não é aconselhável. Segundo ela, “pode piorar a situação se a pessoa não souber fazer direito, sem contar o risco de fraturar novamente se cair de mau jeito”.


Em contrapartida, os benefícios são vários. “Melhora a postura, trabalha o equilíbrio, a coordenação motora, isometria (desenvolvimento muscular)”, continua Margot. É também indicado para pessoas ansiosas. “Porque você trabalha muito a concentração. Pra quem é disperso, você tem que focar pra você conseguir um resultado”, explica ela. A prática do esporte vai desenvolvendo o nível de concentração da pessoa. “Se você não subir na fita estando com a cabeça na fita, você cai”, afirma Bruno Lenzi.

A autoestima também é trabalhada no esporte, já que cada passo é considerado um desafio a ser superado pelos praticantes. “Quando você consegue fazer alguma coisa nova, é muito bom”, explica Margot. E além de tudo isso, uma característica essencial é desenvolvida em todos que resolvem encarar a fita. “Coragem”, completa Margot, rindo. Nada como enfrentar o medo para atingir posições cada vez mais altas.

Fonte: G1 Sul de Minas
 

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